segunda-feira, 5 de março de 2018

Estrela perpétua 

Chegou a mim como pingo de chuva espalhado,
Emaranhado na correnteza de um dilúvio inesperado.
A perfeita esquiva, não livrou os espelhos d’água do reflexo perpétuo,
daquela predestinada a ser estrela, estrela de Minas.

Em cantigas de luar, num luar de raro brilho,
a poesia da vida que entornavas num grito contido,
revelavam os tons miúdos de uma trova nova e por fim comissionada.
A te figurar como estrela, estrela de Minas.

Desencontre-se do fio sorrateiro de pranteio venturoso.
Acampe seu jardim na tarde generosa, de ardor poderoso.
Permita-se ser gracejo no canto da toada que te traduz.

Aporte seus passos na estrada que teus encantos libertam,
Levante já as velas, que o os rios dessa mata te veneram,
Pois já não és estrela apenas em Minas, estrela minha. És estrela do Mundo.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Raro

Raro

Raro é ver com o coração, revelar as notas presas naquela nossa canção.
Raro é esconder segredos em versos e libertar desejos em outros versos.
Mas, assim, de tudo que o tempo não permite ser, importa mesmo querer

E quando a gente se encontrar, eu prometo te dizer que te gravei nas estrelas e só eu sei chegar lá.
Pois tão raro como um amanhecer é te encontrar.

Raro é ser antes de estar e mesmo assim, acreditar.
Raro é quando as cores revelam que existem novas estradas.
Que no passo do passo de onde vim, existem destinos que em você percebi.
Mas, assim, de tudo que o tempo não permite ser, importa mesmo querer.

E quando a gente se encontrar, eu prometo te dizer que te gravei nas estrelas e só eu sei chegar lá.
Pois tão raro como um amanhecer é te encontrar.

Raro é te ver brincando de balançar meu mundo.
Raro é lembrar de mim enquanto te procuro.
Raro é você me acontecer.

Anjo Luz

Anjo Luz

Passarinho voa e entoa uma canção.
Nela diz que a gente nem sempre tem razão.
É a natureza que ecoa nesse violão, contemplando o pai de toda criação.

Levante já as velas, que mar livre te espera e te conduz.
A noite enluarada, o chão de estrelas raras que te traduz.
É quando o mundo pára pra ver de forma clara, você, anjo Luz. 

Como corre o rio livre e ensina na canção que os velhos medos não te impõem condição.
É que o criador do mundo te fez em perfeição.
É hora de apagar quem te cantou naquela velha canção

Se o Criador do mundo vê até os lírios do campo,
e a natureza inteira prevê sua imensa fidelidade,
o que dizer, de você, se a cruz o preço foi
pela paz que hoje te faz dançar?

Então, dance a vida, de mãos dadas com o pai.
Deixe as pontes quebradas para trás!
Dance a vida, de mãos dadas com o pai.
Deixe as pontes quebradas para trás!

Ele é o espelho que revela quem realmente você é, anjo Luz.

No Topo do Mundo


No Topo do Mundo

Meus castelos de areia que o vento não poupou...
Meus amores em vão que o tempo não curou...
A paz estava onde eu menos esperei.
A paz estava nas pegadas que não enxerguei.

Minhas verdades imperfeitas, perfeitas ilusões...
Decorando o meu céu com lágrimas no chão.
A paz estava onde eu menos esperei
A paz estava em você, Jesus!

Em teus braços encontrei a paz, aos teus pés encontrei meu lar.
E hoje canto do topo do mundo, com você, Jesus.

O topo do mundo é esperar aquilo q não se pode ver!
O topo do mundo é acreditar em você Jesus!
O topo do mundo é diminuir até que teu Espírito fale através de mim!
O topo do mundo é entender que foi o sangue, sim foi o sangue, precioso sangue que me libertou!

Em teus braços encontrei a paz, aos teus pés encontrei meu lar.
E hoje canto do topo do mundo, com você, Jesus.

O topo do mundo é você, Jesus. O topo do mundo é estar com você, Jesus!

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Primeiros Passos

Primeiros Passos

Há quem queria correr.
Há quem queira apenas esperar.
Há quem deseje outro caminho que de tanto correr ou esperar, desaprendeu a caminhar.

Entre os caminhos, nos encobriram os vultos, ocultos, mas tão vorazes, que na necessária armadilha 
revelam o fim de todos os caminhos a nós encobrindo os rastros.

Lá, no fim dos caminhos, vi no espelho que o que deserto traz é e chance mil novos passos.
E para cada um deles, eu te deixo uma flor e um beija-flor encantado.
Deixando para trás o aroma da jornada que te trará de volta as cores das estações.

É aqui, onde a travessia é apenas sobre primeiros passos.
E dentre todos “quens” desejando os desejos de si mesmos, existo eu.
Existo eu que te desejo mais que o desejo sabe desejar.
Que no deserto sem rastro, nos ponho de mãos dadas para os nossos novos incríveis primeiros passos.

É aqui, onde a travessia é apenas sobre os primeiros passos, que te espero.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Nós


Nós, que abrimos portas depois de um milhão de versos,
atraídos pelos cheiro do desejo, sem querer escapar.
Nós, que desabrigamos o vazio antes de um novo milhão de versos,
rendidos pelo peso do perfume, quase sem acreditar.

Entre tantos segredos revelados, ficou escondido o tentar.
Era ímpar o par que regrediu, que esqueceu.
E agora, ousei fechar os olhos e não te visitar,
na noite, no dia, no vil vazio do segundo em que desprometeu.

Nós, que traímos o céu, obscurecemos o chão,
caímos mil dias antes de levantar.
Nós, que éramos a correnteza, a força e o destino.

Nós, que eu fiz em notas, que eu guardei em poesia,
que eu acordava enquanto dormia.
Nós, que só eu era, sozinho.

Pois sua miragem que no espelho o olhar me devolvia, também me entorpecia.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Retro-solidão.

Mão da simples feliz certeza, a joguei fora. 
Entende sentido, o qualquer um que vê-se. 
Sobrou ponto, faltou letra e sumiram vírgulas. 
Mundo roda, sim. 
Triste e real solução a li retrocedendo sedento. 
Acabo eu aqui, solidão.


(Se não entendeu ou entendeu, leia literalmente de trás para frente).

Conhecido desconhecido

A vida cresce em cada folha que cai, cada ser que tomba ao chão. 
Engraçado é que, deixando vidas para trás, a vida segue para frente. 
Tudo se renova em cada repetição pré-anunciada, mas esperada. 
Espero que o esperar revele tudo o que já se sabe, mas ainda sim se desconhece.

Fortalezas Ambulantes


Frágil vida de fortalezas ambulantes. 
A paz que pede, a fatalidade impede. 
Corra o curso que cursa aqui o pedido: 
Mesmo frágil, continue a ser fortaleza esse ambulante.

domingo, 11 de março de 2012

Eu, ela, o par e um.

Ela encurta as frases, eu poetizo as vírgulas,
Ela me revela no olhar, eu percorro as curvas dos corpos,
Eu relativizo os mundos, ela ri do tempo gasto sem tocar,
Eu chego em silêncio, ela faz o vão cantar,
Ela é a notícia da cidade, eu o malandro de um samba qualquer,
Ela sentencia minhas notas, eu a observo musicar,
Eu espero na fila das contas, ela faz o trânsito parar,
Ela santa, eu carne,
Eu desejo, ela maldade.
Mas assim é o par de dois,

que só em um se sabe explicar.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A história de todo qualquer um.

Chegou no bar como de costume, pediu mais um café.
Todos lhe perguntariam: Que te fez essa mulher?
Pra te chegar tão tonto, tão torto, que nem um ponto consegue se acabar?
Ele disse:
"A dançarina das cordas, tontas... as notas me fez nun compasso desajustado, impregnado de tanto eu e de tanto ela, e de tanta vela e promessa, de subsequente adeus...
E aqui me restam 5 cordas e um buraco, no peito, banhado de vinho barato que o dinheiro deu pra comprar."
A história atraia e traia bebuns e meretrizes a dançar,
e logo todos iram um circo patético formar.
Em forma de derrotas e memórias, um blues ardil começou a se achar.
E ele que aquela altura já era, sem pressa, o maestro da orquestra despopular:
"Ah, se rói ser tão desajeitado com o jeito do coração...
Essa moça não sabe o que ela faz, quando se desfaz em medo.
Meu desejo é assim tão voraz, insano, desconhece a paz
e me faz cantar o amor nun samba-blues."
Todos a postos! Com seus copos cheios de cóleras de amor!
Brindavam ao fim, se davam ao início de mais um precipício de gostar
E ao som desse blues nada normal, amores impossíveis eram reais
Ao fundo do quadro, ali desajeitado com seu café amargo ele improvisou:
"Explicações de todas as repetições, assim é meu blue!
Quero sim, não me convém aceitar, mas me convém te convir.
Convidar-te para dançar a dança do beijo, dos corpos ardentes em fogo
que se queima em par."
E quando avistaram a dançarina das cordas, tortas, mortas,
um silêncio quase santo em todo canto ali se perpetuou.
Apesar da alegria descabida um ar de aprovação se resolveu.
E ele quase já sem palavras, diretamente a ela se musicou:
"Você não sabe saber você...
Vejo seu sim em cada fim que te mente, definitivamente...

e outras coisas que aqui não se diz, não nos cabe, mas insisto em querer."